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A conservação da biodiversidade nativa no Bioma Pampa depende, além das ações de preservação e estabelecimento de áreas de proteção, também do fomento à criação racional e sustentável dos animais silvestres com potencial de aproveitamento econômico. A criação de capivaras tem despertado o interesse dos produtores, tanto pelo elevado preço de venda dos animais, quanto pelo seu potencial produtivo. A criação contribui para a conservação das populações naturais, por desestimular a caça clandestina, oferecendo uma alternativa.

A capivara é o maior roedor vivo, atingindo 105 kg, e não se encontra ameaçada de extinção. A Venezuela abate em média 27.000 capivaras / ano, desde a década de 70, comercializando a carne na forma de charque, por meio de manejo extensivo. Na Argentina, são exportados em torno de 10.000 couros / ano (98% dos couros vão para o mercado interno), através de caça ilegal e legalizada (na Província de Corrientes).

O Brasil se caracteriza por estimular a implantação de criadouros, sendo a capivara o animal silvestre nativo mais criado no país. Sua prolificidade, plasticidade alimentar, aproveitamento de fibra (celulose) e amido, boa taxa de ganho de peso, rusticidade e tamanho de cortes adequados ao mercado, somados ao elevado preço do kg vivo, permite equipará-la com a criação tradicional de ovinos. O potencial para o uso em pecuária orgânica é evidente, por ser um animal pastador por natureza. Hoje a capivara é cotada em até R$ 6,00 / kg de peso vivo e a carne chega a R$ 44,00 / kg. No entanto, não se pode compará-la em produtividade aos suínos, que apresentam o quádruplo do crescimento ponderal e maior prolificidade, com o detalhe de que a capivara ainda não foi submetida ao melhoramento genético.

Capivaras têm uma vasta e antiga tradição como animal de caça no Rio Grande do Sul, ainda que de forma ilegal. No entanto, sabe-se que a carne proveniente desses animais, na sua maioria, apresenta problemas de sabor e aroma o que a torna repudiada por grande parte das pessoas. Por outro lado, capivaras de criação, sob regime alimentar com grãos/ração e forragem cultivada, mesmo adultas, de ambos os sexos, apresentam sabor e aroma excelentes. Não seria exagero dizer que se encontra entre as melhores carnes que temos. Além disso, a carne de capivara apresenta características qualitativas em harmonia com as novas demandas dos consumidores, tais como baixa quantidade de gordura intramuscular, baixa quantidade de gorduras saturadas, elevada quantidade de gorduras poliinsaturadas e relação mais adequada entre as gorduras do tipo ω6 e ω3, quando comparada a carnes vermelhas tradicionais.

O óleo de capivaras apresenta excepcional quantidade de ácido α-linolênico, um dos ácidos graxos ômega-3 essenciais para o organismo. Ou seja, não são sintetizados pelo corpo, devendo ser providos pela alimentação, estando envolvidos em funções como regulação da pressão arterial, redução de processos inflamatórios e do colesterol/LDL. O couro de capivaras é bastante valorizado, chegando a US$ 16,00 / unidade o in natura e US$ 50,00 o curtido (na Argentina), tendo ampla utilização na produção de artefatos sofisticados e na linha crioula. A Itália é um dos maiores importadores.

Existem basicamente três sistemas para criação de capivaras. O intensivo, realizado em pequenos piquetes de 400m2; o semi-intensivo, geralmente em áreas de até 7 ha; e o extensivo, em áreas cercadas de até 15 ha, onde os animais são criados soltos, podendo ser com ou sem desmame. Estudo da Embrapa Clima Temperado, conduzido como parte do projeto Conservação de recursos genéticos de animais nativos com potencial econômico, integrante do Macroprograma 1 – Grandes Desafios Nacionais, na atividade Coleta de tecido, caracterização produtiva e documentação de capivaras (Núcleo de Conservação), concluiu sobre a viabilidade técnico-econômica da criação de capivaras no sistema semi-intensivo, tendo como base o ano de 2006.

Na avaliação financeira, considerou-se um período de sete anos, a existência de mão-de-obra na propriedade e rebanho inicial recebido por doação, distribuído em dois lotes com 14 fêmeas e dois machos em cada, alojados em piquetes telados de 0,5 ha. Um piquete de 0,5 ha destinou-se a animais para o abate, havendo apenas uma mangueira e um corredor central por onde todos os animais são manejados. A alimentação foi baseada em milho/resíduo de beneficiamento de arroz e forragens cultivadas. O número de partos/fêmea/ano foi estimado em 1,5 (com 4 crias/parto), a mortalidade até o desmame em 10% e o abate aos 14 meses com 37,5 kg.

O investimento inicial em estruturas foi de R$ 15.960,21; o custo total por ano foi de R$ 10.306,16; a renda bruta total foi de R$ 18.731,25, com renda líquida total / ano de R$ 8.425,09, considerando-se a venda de animais vivos por R$ 3,70 o kg. A cada real investido, o produtor tem retorno de 1,81 (índice de rentabilidade). A relação benefício-custo foi satisfatória (1,40) e a taxa interna de retorno (45%) indica que o negócio é viável, cobrindo as taxas de juro do mercado, demonstrando viabilidade econômica para a atividade, podendo ser comparável à criação tradicional de ovinos. Constitui-se em uma alternativa tanto para estâncias, quanto para pequenas propriedades no Bioma Pampa. Assim como em ovinos, para um aumento da margem de lucro, propõe-se um aumento da escala de produção com a ampliação do rebanho e piquetes para um total de seis.

Para efetivar uma criação, o produtor deverá seguir a legislação do Ibama (Portarias 117 e 118/97), disponível no site do Ibama e também a Instrução Normativa 169/08. Pode-se também consultar o Núcleo de Fauna do Ibama em Porto Alegre (051 32264871) para informações gerais e verificar também se há capivaras apreendidas, disponíveis nos núcleos de reabilitação de animais silvestres, ou em instituições científicas, que possam ser doadas para início de criação, ou mesmo, eventualmente, ver se há possibilidade de capturar capivaras que estejam causando danos, conforme consta na legislação. Basicamente, deve-se ter um técnico de nível superior, das ciências agrárias ou biológicas, para elaborar o projeto a

Artigo originalmente publicado em 26/10/2010

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